segunda-feira, 22 de junho de 2015
sábado, 13 de junho de 2015
RIO DE JANEIRO PARA OS IMIGRANTES: “UMA CIDADE DOENTE”.
Uma cidade em que as pestes proliferavam, os amarelos [1]caminhavam
pelas ruas, valas de esgoto em meio à cidade e a febre como constante e
“habitante inconveniente”. Esta é a imagem do Rio de Janeiro do final do Século
XIX e início do Século XX.
Esta cidade em tais condições
não poderia receber novas forças de trabalho. Os imigrantes ao virem da Europa
precisavam ser preservados dos “males” da terra e assim se fez necessária à
criação de uma hospedaria distante, mas nem tanto, da capital. O local escolhido foi São Gonçalo, uma vez que, apesar de já existir
um serviço de recepção na Hospedaria e no Lazareto da Ilha Grande mais voltado
para a desinfecção dos passageiros, esta se localizava em Angra dos Reis, que
fica a 155 km da cidade do Rio. Para que eles não se contaminassem e perdessem a
força para o trabalho e não perdessem tempo, a escolha da Ilha das Flores foi
estratégica. Essenciais para substituir a mão de obra numa sociedade onde o
elemento servil estava prestes a se findar, os imigrantes deveriam aportar em
um ambiente salutar, pelo menos até partirem para o seu destino final.
“Assim, [...] a Hospedaria da Ilha das Flores foi uma
construção integrada à estrutura dos movimentos imigratórios e que, portanto,
sua manutenção esteve sujeita a agenda política do governo imperial e
republicano” (COSTA, 2015). Intensificando-se a imigração, esta não poderia mais fracassar por
motivos de insalubridade. A Hospedaria
da Ilha das Flores se insere, assim, nas modificações pelas quais a cidade do
Rio e, significativamente, sua região
portuária passou.
Social ou sanitariamente, este período de mudanças não foi
fácil. Veja-se, por exemplo, o ano de 1903 em que a
cidade do Rio de Janeiro contabilizou 19.308 óbitos, número maior do que de
nascimentos, 18.061. Porém, já em 1905, como reflexo das políticas sanitárias implementadas
pelo governo sob a coordenação de Oswaldo Cruz nasceram 20.228 “carioquinhas” em
relação a 17. 386 mortes naquele ano.[2]
Bibliografia:
MARQUES, Eduardo Cesar. Da
higiene à construção da cidade: o Estado e o saneamento no Rio de Janeiro.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, II(2): 51-67, Jul.Oct. 1995.
REBELO,
Fernanda; MAIO, Marcos Chor e HOCHMAN, Gilberto. O princípio do fim: o
"torna-viagem", a imigração e a saúde pública no Porto do Rio de
Janeiro em tempos de cólera. Est.
Hist., Rio de Janeiro, vol. 24, nº 47, p. 69-87, janeiro-junho de 2011.
COSTA, J. C. O. Hospedaria da Ilha das Flores: um
dispositivo para a efetivação das políticas imigratórias (1883 – 1907).
Dissertação (Mestrado em História Social) – Faculdade de Formação de
Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2015.
[1] Um dos nomes que chamavam
as pessoas portadoras de Hepatites, por conta do sintoma de Icterícia em que a
pele fica com cor amarelada.
[2] IBGE Séries estatísticos
retrospectivas, I. do Rio de Janeiro, 1986, ed. fac. Similar, pag.16. In.
MARCILIO, Mª Luiza. MORTALIDADE E MORMIDADE DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
IMPERIAL. In. R. História, São Paulo, n-127-128, p 53-68, ago-dez/92 a
jan-jul/93.
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