segunda-feira, 6 de julho de 2015

O passado relembrado: O Centro de Memória da Ilha das Flores e o projeto da sensibilização histórica


A Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores funcionou de 1883 a 1966. Sua importância para construção da identidade nacional e desenvolvimento econômico a partir da segunda metade do século XIX é inquestionável. Entretanto, sabemos que durante todos esses anos, a Ilha teve outros usos, de acordo com o contexto político e econômico do Brasil.

Em 1915, o sertão cearense passou por uma terrível seca, deixando milhares de pessoas e animais mortos e os que ainda estavam vivos, sofriam com a fome. Muitos retirantes vieram para o Sudeste, e um grande número foi enviado para a ilha das Flores. Esse não foi o único caso do tipo. Diversos migrantes, sobretudo da região nordeste, vieram para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida e passaram pela Ilha como uma medida paliativa do Governo.


A Ilha das Flores também foi utilizada como presídio civil e militar em diferentes ocasiões. Durante a Primeira Guerra Mundial, alguns soldados alemães, entre os anos 1917 e 1918, foram capturados na costa do Rio de Janeiro e mantidos prisioneiros na Ilha. Um dado interessante dessa historia é que como presídio, a Ilha das Flores era bem flexível e os prisioneiros podiam transitar livremente. Abaixo, foto de prisioneiros alemães:



Inimigos da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder; posteriormente, participantes da Revolução Constitucionalista de 1932; e comunistas que participaram da Intentona Comunista em 1935, ficaram detidos na década de 30.

As décadas de 40 e 50 foram bem movimentadas. Após a Segunda Guerra, os países aliados se uniram mais uma vez para resolver os problemas dos refugiados. A Europa estava divida em zonas ocupacionais e cerca de um milhão de pessoas estavam desabrigadas, horrorizadas, feridas ou não quiseram regressar para suas localidades de origem. Então, criou-se a Organização Internacional dos Refugiados (OIR), no qual o Brasil aceitou receber alguns refugiados e estes passavam pela Hospedaria por alguns dias. O Brasil era um diferencial na OIR porque era o único país que aceitava receber famílias numerosas. Fotografia de refugiados do Pós-Guerra:



Fotos de Kurt Klagsbrunn

Entre os anos de 1945 e 1954, a Ilha foi utilizada pelo Serviço de Recreação Operária, pertencente ao Ministério do Trabalho, o qual realizava excursão e festas juninas para trabalhadores sindicalizados.
Nos anos finais da Hospedaria da Ilha das Flores já não se havia muitos imigrantes instalados. Em 1968, a Hospedaria passa para o Ministério da Marinha e durante a Ditadura Civil-Militar, serviu de presídio para aqueles com considerados opositores ao regime. Nomes como Fernando Gabeira passaram por lá. Recente, a Comissão Nacional da Verdade realizou uma incursão com ex-prisioneiros para reconhecimento dos locais de tortura.

Atualmente, a Ilha das Flores não é mais uma ilha. O local foi aterrado na década de 70 para construção do trecho da Br 101. A Ilha pertence à Marinha do Brasil e sedia a Tropa de Reforço da Força de Fuzileiros da Esquadra do Corpo de Fuzileiros Navais. Em 1996, o Grupo “História de São Gonçalo: memória e identidade” foi criado para estudo da história local do município e da Hospedaria da Ilha das Flores, e em 2012, foi fundado o Centro de Memória da Hospedaria de Imigrantes da Ilha das Flores, conhecido também como Museu a Céu Aberto, com o apoio da Tropa de Reforço, composto por professores da UERJ, estudantes da graduação e pós-graduação e realizam-se visitas através de agendamento e abertas ao público pelas instalações da antiga hospedaria aberto ao público visando conhecer e abordar a importância desta para a História de São Gonçalo e também do Brasil.

Imagens da Ilha das Flores hoje e o Centro de Memória da Imigração:


Estudantes visitando à Ilha.

Exposição recém-inaugurada.

Visitantes na Capela de Santa Terezinha.

Visitantes no Totem 4.

Sede do Museu.

Visitantes assistindo ao vídeo da exposição.

Imigrante que passou pela Ilha dando depoimento para a História Oral.


Para mais informações, ver fotos e vídeos, bem como marcar visitas, acesse o site do Museu: 

www.hospedariailhadasflores.com.br










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